Heroínas olímpicas


Marlene Marques Ávila

Heroínas olímpicas
Pela primeira vez na história, a delegação brasileira que compete nas Olimpíadas na França tem maioria de atletas mulheres, elas representam 55% do total de 276 atletas. Esse é um fato a ser comemorado, por demonstrar como, apesar de todos os obstáculos, a mulher brasileira se impõe e prova que sim, nosso lugar é onde nós quisermos estar.
A comemoração é dupla, das nove medalhas até agora conquistadas, seis são devidas às meninas brasileiras que não foram lá a passeio.
Reflito quão bom seria se as autoridades brasileiras tirassem algo da lição dada por estas meninas poderosas, medalhistas pretas, de origem humilde, dedicadas ao esporte, comprometidas com suas metas pessoais, as quais, porém, quando alcançadas, fazem o Brasil cantar, encher o peito e gritar “é nossa, é do Brasil!”.
Compreendo que o apoio e incentivo ao esporte deva fazer parte de todo o processo educacional, não como mais uma matéria no currículo escolar, mas como prática de promover e apoiar as crianças que queiram seguir esse caminho. Li em algum lugar que quando criança Rebeca Andrade era conhecida como a Daianinha de Guarulhos, devido à admiração que tinha por Daiane dos Santos, a ginasta gaúcha que primeiro projetou o nome do Brasil em competições internacionais de ginástica artística.
Algumas perguntas que me ocorrem são: Quantos exemplos temos hoje a ser seguidos por nossas crianças? Qual o custo social decorrente da falta de apoio e incentivo público à prática de esportes nos ambientes escolares e universitários?
O Presidente Lula comemorou a medalha de ouro conquistada por Beatriz Souza. Na ocasião citou a importância do Programa Bolsa Atleta e também indagou por que o Brasil não garante que as crianças pobres possam chegar nesse lugar de destaque.
Sim, eis uma boa pergunta, por que o poder público não garante que qualquer criança, desde que queira e tenha aptidão se destaque como atleta? Não será com um auxílio na modalidade do Bolsa Atleta, pelo menos não somente. Olhando para o exemplo dos países recordistas olímpicos, podemos apontar a articulação dos desempenho educacional e esportivo, por exemplo bolsas de estudo como incentivo, disponibilidade de estrutura física necessária para a prática de diferentes modalidades nos ambientes escolares, além do indispensável recurso humano.
Mais que a alegria da conquista das medalhas, o que nossas atletas estão a fazer por nós é mostrar que sim, é possível mudar o destino de nossas crianças pretas, pobres, periféricas.
Obrigada mulheres maravilhosas da delegação olímpica brasileira das Olimpíadas de Paris 2024!

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Marlene Marques Ávila

E-mail: marquesavilamarlene@gmail.com

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