Marlene Marques Ávila
No livro Primavera Silenciosa lançado em 1962 por Rachel Carson, uma bióloga americana, a autora faz uma dedicação a Albert Schweitzer de quem reproduz a citação “O Homem perdeu sua capacidade de prever e de prevenir. Ele acabará destruindo a Terra.” A citação soa como uma profecia, e o alerta de Carson quanto aos efeitos do uso indiscriminado dos pesticidas na agricultura, sobre o meio ambiente e a vida humana, mostravam como o homem se encaminhava para torná-la verdade.
O livro teve muitos efeitos práticos, à exemplo da criação de políticas de proteção do meio ambiente, além de ser considerado pelos estudiosos da área como pioneiro neste tipo de alerta à humanidade. Contudo, o homo oeconomicus no contexto global sempre prepondera sobre o homo sapiens é o que demonstram todos os danos que a humanidade tem causado ao nosso planeta, à nossa casa comum.
Os desastres ambientais que de um certo tempo para cá ocorrem de forma rotineira são impactos da ação humana, não da ira de Deus, como querem alguns, mas da ganância do homem. A queima de combustíveis fósseis, o desmatamento, o uso de grandes extensões de terra para a criação de animais, principalmente bovinos e caprinos, são algumas das principais atividades responsáveis pela emissão dos gases que retêm o calor do sol, daí o efeito de estufa.
Segundo os estudiosos do tema, está a se caracterizar um ciclo vicioso em que à medida que aumenta o custo relacionado ao combate dos impactos do aquecimento global – destruição das geleiras, desmatamento, aumento do nível do mar, extinção de algumas espécies animais, mudanças climáticas que repercutem no ciclo da água causando secas e chuvas intensas em diferentes regiões, redução da produção de alimentos – reduz a capacidade, em termos econômicos, dos países, sobretudo dos menos desenvolvidos, investirem em tecnologias limpas. As consequências destes desastres serão sempre mais graves entre os mais vulneráveis que historicamente convivem com a pobreza e ausência de políticas públicas.
Cerca de trinta anos depois da publicação de Primavera Silenciosa, a profecia de Schweitzer se concretizou. Os governantes do mundo começaram a discutir formas de combater a destruição do planeta, o tempo de prevenir ficara no passado. Visando a redução dos gases de efeito estufa, um dos acordos mais conhecidos é o Protocolo de Kioto de 1997. Contudo, os países comprometidos com o acordo não seguem uma meta comum de redução e um dos países que mais emitem rompeu o Protocolo em 2001, porque o mesmo comprometeria sua meta de crescimento econômico. Afinal por que se preocupar em conservar a Terra, Marte está ali mesmo!
E-mail: marquesavilamarlene@gmail.com
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