Páscoa

Marlene Marques Ávila

Há 2024 anos, conforme o calendário gregoriano, nasceu em Belém, uma pequena localidade na Palestina, uma criança divina que durante sua curta vida na terra, apenas trinta e três anos, revolucionou uma religião milenar, pregando o amor, e dando exemplos de como viver amorosamente. Esse foi seu principal mandamento “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado”, síntese de uma passagem do Evangelho de João.
Por assim amar, foi martirizado e morto na cidade de Jerusalém, o que ocorreu num período de festa para o povo judeu, a Pessach, comemoração da passagem da escravidão para a liberdade, a fuga do Egito para a Terra prometida. Contudo, a morte não venceu o Amor e a Ressureição do Cristo deu outro sentido à passagem, é a Vida vencendo a morte, a Páscoa dos cristãos.
Belém e Jerusalém ficam a menos de cem quilômetros da Faixa de Gaza, onde hoje milhões de pessoas, entre as quais milhares de crianças, são martirizadas e mortas há mais de cinco meses, em decorrência do conflito desencadeado após um atentado terrorista em Israel no dia 7 de outubro de 2023. A resposta de Israel a esse ataque tem tornado desumana a situação de mais de dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, em situação de pobreza, com graves problemas estruturais e de abastecimento.
As imagens de crianças feridas, desnutridas, traumatizadas física e emocionalmente, hospitais, escolas e residências bombardeadas, pessoas morrendo ao tentar apanhar pacotes de comida jogados por paraquedistas, uma opção de ajuda humanitária mediante o bloqueio imposto por Israel, são alguns dos horrores que levam a classificar como genocídio o que acontece naquele pedaço do mundo.
Um pedaço de mundo considerado sagrado por judeus, cristãos e muçulmanos, onde, contudo, martirizar e matar pessoas inocentes tem sido uma regularidade. Judeus e cristãos estão no período da Pessach, da Páscoa, mas as motivações da comemoração milenar – Liberdade e Amor – andam distantes nestes tempos obscuros.

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